O ENGAVETADOR DE POETAS

Poema é como um gaveteiro
Em que cada verso é uma gaveta
Onde engavetamos nossos sentimentos do mundo
Materializados em palavras sólidas
Portanto, como qualquer outro tipo de guardado
Ficam sujeitos à depreciação do tempo

Reler nossos próprios poemas antigos
É como remexer nas gavetas do sótão
Com traças, mofos e vãs naftalinas
Pois só ficam fora de moda e de época
Mas sempre desvelam peças esquecidas
Que confinam vivos os nossos fantasmas inconscientes.
O poeta fica engavetado em seus poemas.

                                                                       E/2009

Ruiva Beijoqueira



É  quando digo
que o beijo que beija ela
não é o mesmo que beijas
que beijo eu...
É por que sei que no beijo
do beijar dela
tem o beijo desejado
pelo beijo meu...
É por que eu sei
que quando o beijo dela
é no meu beijo
me sinto todo beijado
em cada beijo seu.

P/1997