O VELHO CHICO


O rio São Francisco visto da beira
Das dunas de areia do deserto de sua foz
Parece ser um  rio comum na cheia
Pois nem se ouve na pororoca a sua voz

O Velho Chico visto de dentro de suas águas
Impõe respeito por se revelar profundo
E por separar Estados como mundos
Em suas margens de nordestinas praias

Mas o Grande São Francisco visto do alto
Sob nuvens pela pequena escotilha do avião
É que se expõe em sua imensa real dimensão
E nos emociona por nos surpreender de assalto
Serpenteando em meandros desde o limite do olhar
Por toda terra até a outra linha do horizonte no mar
Como um espelho d’água atravessando o planeta
Feito uma vertente  que escoa como um rastro de cometa
E que tem por nascente pontual o céu de cima no oeste
Até ser represado no Atlântico mar de baixo ao leste
De quem volta  do nordeste para o extremo-sul a voar.
                                    E/2010

Outonal

                   
                        Com a idade cresce a sensibilidade
                  cada dente que cai dói
                  cada cabelo branco que sai dói
                  dói cada cabelo que cai.
                                                  P/1996