Poetar II















Noite de insônia
em que nasce um poema
é duplamente perdida
pela ânsia da noite não dormida
e pelo fardo do poema inútil
que carregamos o resto da vida

O pior da insônia, o que mais chateia
é o medo de ver as coisas que a noite esconde
como almas do outro mundo paranormal
ou a psicose de ver pela janela, sob a lua cheia
o vizinho enterrando um cadáver no quintal.
(P/1996)

FACES DA LUA

Lá no escuro da noite escura
onde o passado arquivou todos os dias
surgiu no céu um brilho de luz distante
a Lua Nova me fez criança de alegria
        A luz da Lua Crescente foi crescendo
        com a esperança e eu próprio que crescia
        fui descobrindo seus verdes segredos
        e alimentando a paixão que nos unia
                 E quando a Lua de luz se fez Cheia
                da minha cama eu avistava o novo mundo
                adolescente que por vida anseia
                senti-me forte, lindo e fecundo
                            Porém a luz da Lua foi Minguando
                            no mundo velho que ao novo resistia
                            e a razão, já adulta, foi pensando
                            e me perdendo da luz que me movia...
(K/1986)

O ÚLTIMO DO PÓDIO

Nadador de ouro em Pequim
Cielo decepciona em Londres
A torcida do povo brasileiro
Por ser apenas o terceiro
mais rápido do mundo inteiro
El pódio es el cielo del pueblo
E o Cielo  é o último no céu...
Que inferno, queremos ser Deus!
(M/2012)

A ILHA


(Poema que fiz aos 16 anos à ilha das fantasias de minha adolescência, a qual deixou de existir com o aterro da orla do Gasômetro no Guaíba)














Entre o encanto da natureza
E as calmas e plácidas  águas de um rio
Semi levado pela correnteza
Num terno recanto sombrio
Por sobre as vagas
Do rio escuro
Com um vago olhar
Deixo morrer as mágoas
Do meu eu tão inseguro
Que vê o mundo por estourar
Quisera poder aqui passar
O resto dos meus dias
Desbravar a virgem selva
De tudo e  de todos esquecer
Alimentar-me de  pescarias
Dormir ao relento e na relva
Apreciar o sol a se esconder
Deixar o mundo sempre distante
Poder gritar, rir e chorar
Ver sempre este lindo horizonte
Que reflete neste pequeno mar
Mas...adeus Ilha de meus sonhos
Nunca mais me verás voltar.
(G-1970)