ASAS MISSIONEIRAS

Perdido em meu descaminho
trilhei estradas que não têm lei
e sem um sentido à vida
por mares negros naveguei
ergui pontes sobre abismos
e dos penhascos despenquei
bebi d´água mais ardente
das vertentes que encontrei.
         Asas do infinito
         Paz para os aflitos!
Na aridez do deserto
me vi de perto, me espelhei
e no fundo do espaço
homem de aço me transformei
qual nave que corta o cosmos
de mim próprio me afastei
e sem um sentido à vida
minha voz então calei.
         Asas do abandono
         Terras para os colonos!
Perdido em meu descaminho
feito fera que não se deixa cativar
um grande covil de cobras
fiz do meu peito por não lutar
limitado por meus muros
me esfolei até sangrar
porém num sopro de vida
consegui me libertar.
         Asas da liberdade
         Lucidez pra mocidade!
Hoje sou violeiro que viola
as violações violadas
hoje sou tropeiro que tropeia
as tropas apartadas
hoje sou cancioneiro que canciona
as canções cansadas
hoje sou missioneiro que  missiona
as missões arruinadas.
         Asas da criação
         Luz pra escuridão!

FE/1980

INTERIOR DE FORA

Não sofro frio nem calor
Sou lá de fora
Sou do interior

                                             H/2015