O SÉQUITO



















Não há mais caminhos, metas ou anseios
O gosto doce da solidão azedou
Os ardentes versos queimaram-se com a febre
As forças impetuosas no peito cheio
se dissiparam e a confusa bruma aquietou
com as cinzas de sonhos que o tempo soprou
As mãos que ambicionavam posses estão vazias
As asas brancas cansaram de voar
Resta apenas o árduo caminhar
Os olhos que a tudo olhavam nos olhos
esconderam-se atrás dos óculos
querem apenas espiar o séquito dos dias.
QO/1974

Golfinhos Rotadores



Os golfinhos machos se revezam
Para enfrentar os barcos dos turistas
E, na folga, podem namorar e descansar
E vários fazem cópulas sucessivas com a fêmea
De forma que ninguém sabe quem é pai de quem
Logo todos os machos são responsáveis pelos filhotes
Como o prescrito na filosófica República de Platão.
O/2014