Não sou poeta o suficiente
pra dizer que chego aos cinqüenta
com os problemas sequer colocados
Mas de resolvido mesmo
só tenho esta
consciência realística
a caro custo adquirida
de que sou do tamanho que sou
que posso sempre crescer, mas não muito
e, principalmente, que este é um bom tamanho
que me realiza, não todo, mas o bastante
pois permite o meu movimento moto-contínuo
de sempre perseguir novos e maiores prazeres
de sempre retirar das pequenas alegrias a energia
para sempre ter a energia de construir no dia-a-dia
possibilidades embriãs de momentos felizes
nem sempre realizados, mas sempre possíveis
E assim manter sempre o encantamento pela existência...
aproveito para, pelo menos, colocar o problema
de que eu não tinha muitas pessoas a quem convidar
para a festa do meu cinqüentenário.
No fundo continuei sendo a mesma alma solitária,
agora com meio século de consciência desta realidade...
no primeiro dia do resto da minha vida,
ultrapassada a muralha que divide a existência
em duas metades geralmente desiguais
a visibilidade da finitude do horizonte cinqüentão
tornou-se estarrecedoramente convincente:
Haja filosofia para iluminar a chama de vida
No túnel do seu derradeiro sopro!
(I/2004)
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