Cidade-penal

Nada dói mais que uma ponte-móvel
como a do estuário do Guaíba
limitando o calado de acesso
entre a língua e o céu da boca
no canal entre serras dentárias
por onde a cidade nos engole
com nossos medos, versos e sonhos
feito um luminoso buraco-negro
cujo ânus nos defecará digeridos
                                                      por indulto, em nosso cemitério preferido.

(P/1996)

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