Quem não tem costas largas
é porque nunca remou
quem não sabe remar
neste mar se extraviou
Quantas tempestades
nossa canoa resistiu?
Quantas atrocidades?
Quantos sapos se engoliu?
Depois da invenção da bússola
é mais fácil navegar
nesta longa escuridão
deste traiçoeiro mar
Ninguém pode se iludir
de que lado está o Norte
o ponteiro sem mentir
sentencia a nossa sorte:
Somos todos marinheiros
em busca do mesmo cais
estamos todos sem dinheiro
Oh! Dinheiro onde estás?
Que piratas, que porões
que navio te sequestrou
que justiceiros, que ladrões
que herói te embolsou?
Em terra Tupiniquim
quem tem um olho é rei
pra quem reza em latim
Macunaima incorporei:
Seremos sempre tropicais
malandros e vadios
queremos sempre carnavais
mas povo algum é imbecil
Nem todos são tão cegos
a ponto de não ouvir
e apesar de analfabetos
somos vivos pra sentir
que quando a barriga ronca
é hora de despertar
pra gritar, pra meter bronca
e se preciso trabalhar
Trabalhar pelo direito
de não viver para trabalhar
ressuscitar o conceito
que o Brazil é o nosso lar
Lar, doce lar: Quem diria?
Lar, doce lar: nosso um dia?
Lar, doce lar: Doce utopia!
QO/1981
Nenhum comentário:
Postar um comentário