Desde a mais teen idade pratico
Talvez por vício adquirido ou hábito
Provocado pelo intenso uso continuado
Ou por ter me socorrido em muletas
Pra decifrar as garatujas dos adultos
Talvez por pseudo ideologia militante
De quem quer fazer mas não prosa
Talvez pra povoar a solidão sozinho
Colhendo depoimentos de si próprio
Pra discernir os vultos que a vista
No escuro tanto amedrontam a visão
E assim ser meu (auto)psicanalista
Com integral dedicação ao (im)paciente
Como quem faz prosa em versos
Garimpando em vão raros minérios
Pra na bateia do poema captar a poesia
E desvendar por magia os mistérios
Da vida ardendo no cotidiano
Ferida de morte pela rima rica
E revelar a alegria da beleza escondida
O artesanato de escrever poemas
A duras penas.