Desordem alfabética

Arrasto as angústias
beiços, bundas e bolas bestiais
correndo com cores comoventes
das dolorosas dúvidas
embora esteja enterrado
feito de fome, fumo e favela
ganhando na goela a guerra geral.

Há homens, haja horrores
invisíveis infortúnios inspiradores
jogos, jardins ou jazigos?

Luzes lavam a lama
multidões de machos e meretrizes
nas noites nebulosas e nulas
orientam os olhares ocultos
presos pelo pesado passado

Quantas questões queria questionar
registrando restos de rostos
sussurrando sonhos e sorrisos
televisionando tempos, tédios e terrores?

Urge uma união útil de urros
vejo vultos em vales ventosos
ximangos xingando a xepa
zanga-me o zelo e zarpo a zunir.
S/1976

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