MULTIDÃO

Multidão, de onde vens disparada?
Que tragédia ocorreu-te além na estrada?
Que mistério neste humano formigueiro
que pisoteia um no outro sem sentir
cheios de crenças, deuses, padroeiros
cheios de vida sem usufruir
Multidão, onde vais neste atropelo?
Que sina a tua vagar com sinuelo?
Que medo é este de se desgarrar?
Que fuga é esta de se assumir?
Cheios de sonhos sem os realizar
cheios de afetos sem os transmitir
Multidão, quem sou eu?
Quem é você, Multidão?
Multidão somos nós
somos sós...
Somos só multidão!

QO/1980

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