Mercado Público: Evolução das Espécies


Poema de 1996, quando foi manchete de jornal um grupo de menores que moravam num bueiro em frente ao Mercado Público, às vésperas dele ganhar a atual cobertura metálica (parte que não queimou no incêndio), e espantar os gatos dos seus telhados:
Pelos bueiros escoam crianças
pivetes do submundo literal
enquanto no mercado público
os ratos foragidos dos bueiros
vêem os gatos, seus predadores naturais
desenvolvendo adaptação na busca do sol
diante de uma moderna cobertura evoluída
que devolverá os altos-do-mercado
ao convívio dos homens...
Por sua vez, as pombas
que moram do outro lado da rua
em equilíbrio com o mercado e seus cereais
comem pipocas nas mãos das crianças
e estão voando e cagando na cabeça dos homens.

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