Sem nunca ter saído para a vida
Fiquei olhando pela vidraça
Sem ter provado o louco veneno
De quem rasga seu caminho na raça
Fiquei sendo feito de contemplações
Passivo no universo de minhas canções
Medito o Enigma e suas razões
Sem nunca ter saído para a vida.
Nos lugares por onde andei
nem saudades lá deixei
Foi sempre a mesma sensação
de um vazio esperançoso
Foi sempre a mesma inquietação
de um ímpeto preguiçoso.
Morrendo um pouco a cada dia
sem resolver os meus enigmas
vou desperdiçando a travessia
sem resolver os meus enigmas
vou ruminando a vã poesia
sem resolver os meus enigmas.
Estão branqueando os meus cabelos
o tempo em mim já deixou marcas
no entanto reflito o mesmo no espelho:
não vivi, não cresci, só sofri marcas.
Fico surpreso ao me surpreender surpreso
frente ao eremita que trago preso
nas cavernas do inconsciente e aceso
por esta chama que é uma chaga que não se apaga
por este enigma sem Teorema pra decifrar
É como um vampiro que na cidade vaga
que embora sedento de vida, não quer se revelar.
(FE/1981)
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